_Em entrevista na manhã desta sexta, 19, ao Sistema Sagres de Comunicação, o senador Vanderlan Cardoso conversou com o jornalistas Rubens Salomão, Cileide Alves e Jéssica Dias durante o programa. Os temas giraram em torno de importantes projetos que tramitam no Senado como a PEC dos Precatórios, PLC 123, que trata do teto de gastos dos Estados sabatina do ministro André Mendonça e disputa eleitoral em 2022. O senador disse que tem dificuldades de subir no mesmo palanque que Daniel Vilela, descartou uma possível candidatura ao governo do Estado, revelou que as conversas com o governador Ronaldo Caiado continuam e que nada está definido.
_Sobre a votação da PEC dos Precatórios no Senado Federal, qual é a saída? O senhor disse que está estudando, mas a gente sabe que já têm propostas paralelas circulando por lá.
Com relação ao Auxílio Brasil, como quase tudo que chega o Senado, está muito em cima da hora. Há uma cobrança muito grande do Senado Federal de que se aprove projetos importantes sem que haja uma discussão, ou que passe por uma comissão, ou que se realize uma audiência pública a seu respeito. Nas audiências públicas, passamos a entender muitas coisas do projeto. Eu gosto muito desse instrumento porque posso tirar minhas dúvidas, até mesmo compreender os contraditórios, a partir da escuta daqueles que estão discorrendo sobre os projetos. Então, quando um projeto chega ao Senado, querem uma aprovação rápida e esta é uma casa revisora. Não vamos, no açodamento, aprovar projetos que mexem com a vida dos brasileiros. É o caso do projeto do Imposto de renda, que foi aprovado muito rápido na Câmara e no Senado Federal está sendo bem discutido. Eu mesmo já conduzi duas audiências públicas sobre o tema. Então, essa PEC do Auxílio Brasil vem com uma pressão muito grande, mas mesmo assim o Senado Federal está trabalhando muito bem.
A forma adotada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Artur Lira, para votar o Auxílio Brasil atropelou todos os ritos daquela casa, como eliminar a votação da proposta nas comissões e enviar direto para o plenário. Essa aceleração não colou no Senado?
É totalmente diferente. No Senado temos muitos parlamentares que fazem parte da base do governo, mas não fazemos as coisas porque alguém diz que tem que fazer rápido. Aqui, nós analisamos o que está sendo feito. Pode ser que amanhã seremos cobrados pela aprovação de um projeto que não foi discutido, ou até mesmo sem entender o que aprovamos.
Se pegarmos o PLP 123, por exemplo, que trata do teto de gastos nos estados, ele foi aprovado muito rápido na Câmara, mas está em análise no Senado. Inclusive, sou relator desse projeto na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), da qual sou vice-presidente. Teremos audiência pública na próxima quarta-feira, dia 24, para debatê-lo. Não é porque aprovou rápido na Câmara que o Senado vai endossar tudo que eles estão aprovando lá. Não funciona dessa forma.
Esse PLP ao qual o senhor se refere é o que retira do teto de gasto dos estados as emendas parlamentares e recursos de fundo a fundo. O que é de interesse de todos os entes da federação, inclusive Goiás. Esse projeto tende ou não a ser votado neste ano?
Todo projeto elaborado muito rápido, sem muita discussão, e, sem as audiências, quando necessárias, gera polêmica. Quando fala em mudar o teto, todo mundo entre em polvorosa, porque o que está segurando o país é o teto de gastos, que conteve muitas despesas. Se não fosse o teto, já teria havido o aumento da dívida dos estados, municípios e da União. Meu posicionamento é que todo bom projeto, chega em um ponto, que ele tem que ser revisado. Entre a aprovação do teto de gastos, em 2016, e atualmente, tivemos uma pandemia. Portanto, alguns pontos que foram incluídos no teto de gastos têm que ser revistos agora.
A ida do presidente Bolsonaro para o PL cria um fato novo em relação à candidatura do ministro Tarcísio Freitas ao Senado por Goiás. Isso pode atrapalhar a candidatura de Henrique Meirelles ao governo do Estado?
A candidatura do Tarcísio está muito bem colocada no Estado de São Paulo. O que vem sendo demonstrado nas pesquisas. Melhor que ele se candidate por aquele estado, do que por Goiás. Isso não muda nada em relação à candidatura do Henrique, que está se consolidando cada dia mais. Fato também comprovado em todas as pesquisas.
O Henrique Meirelles disse que, diferentemente do que ocorreu em 2012, ele não quer ser o escolhido, mas estar na condição de escolher.
O Henrique tem uma capacidade de aglutinação muito grande, é muito conhecido em Goiás, aliás, quem é que nunca ouviu falar em Henrique Meireles no Estado? O seu histórico como ex-ministro da Economia, ex-presidente do Banco Central, o que ele já fez pela economia do país, pela geração de emprego e renda, e tudo o mais, faz com que ele tenha condições de escolher, e não ser escolhido. Como ele está muito bem posicionado, ele não vai ficar esperando uma definição deste ou daquele, de que foi escolhido. Ele quer poder escolher o projeto em que deseja caminhar.
O senhor não teria problemas com isso, já que tem um acordo com o governador Ronaldo Caiado de apoio ao seu projeto em 2022?
Fizemos um acordo com o governador em que apresentaríamos uma candidatura competitiva para disputar o Senado Federal. Tivemos uma conversa ontem, depois de um certo distanciamento com o acerto da vice candidatura do Daniel Vilela. Foi apresentado um candidato competitivo, Henrique Meireles, que aceitou o desafio ao se filiar ao PSD. Ele é o nosso pré-candidato e com grandes chances de vencer as eleições para o Senado Federal.
Por que o senhor ficou contrariado com a escolha do Daniel Vilela para vice na chapa de Caiado?
A política é a arte do diálogo. Você tem que dialogar, conversar. Eu não fiquei chateado com a escolha do Daniel, mas com a forma como foi feita. Isso não é segredo para ninguém, e eu disse ao governador. Eu não fui aliado de primeira hora do governador na campanha da sua eleição em 2018. Eu estava em um projeto justamente com o Daniel Vilela. Porém, eu me considerava aliado de primeira hora para a sua reeleição. O fato de o governador ter tomado uma decisão tão importante como essa, não que ele tivesse a obrigação de reportar a mim o que escolher, quem escolher, mas que houvesse um diálogo de o porquê dessa escolha tão antecipada. Foi o que ocorreu. Mas ontem tivemos oportunidade de conversar, eu fiz minhas ponderações, e o Daniel as dele. Isso não interfere de forma alguma no meu apoio ao governador. O que há são especulações de que eu possa ser candidato, o que não é minha pretensão.
E o senhor vai ser candidato a governador?
O momento não é esse (ser candidato a governador). Não tenho essa vontade, nem condições, devido aos afazeres no Senado Federal, onde assumi muitas responsabilidades, a exemplo da Comissão de Assuntos Econômicos, que demanda muito tempo. São decisões que devem ser tomadas com muita consciência, estudos. O espaço que eu conquistei em Brasília é muito bom e eu tenho ajudado muito Goiás. O refinanciamento da dívida dos estados, por exemplo, foi muito importante, assim como a renegociação de juros. Foram muitos projetos importantes que eu e a equipe do governador Ronaldo Caiado trabalhamos para auxiliar o Estado.
Como terminou a conversa com o governador, depois da escolha do Daniel. Os males entendidos foram resolvidos, ou foi só uma primeira conversa?
Foi uma primeira conversa. Eu disse a ele das minhas dificuldades de subir em um palanque com o Daniel, até mesmo em razão do que aconteceu nas últimas eleições municipais. Caminhar junto não depende só de mim, mas também o PSD. Foi uma primeira conversa muito boa, fiquei muito feliz, porque isso estava me incomodando. Nós discutíamos projetos para Goiás no Senado Federal duas, três vezes ao dia e, de repente isso parou. Agora, a gente está fazendo avaliações, vou conversar com calma com muitas pessoas.
O senhor vai subir no palanque com Daniel Vilela?
Eu não faço declarações radicais. Eu penso em que momento se encontra o Estado, no que eu posso contribuir. Não é simplesmente levar a ferro e fogo uma questão pessoal, que se deu na campanha para a prefeitura de Goiânia. Acho que, com o tempo, com o andar da carruagem, a gente vai amadurecendo essa ideia. A decisão do partido será só no próximo ano.
O senhor está atuando para o senador Davi Alcolumbre marcar a sabatina do André Mendonça para ministro do STF?
A sabatina do André Mendonça tem nos tomado muito tempo. Tem sido muito desgastante para todo o Senado. 70 a 80% do Senado tem cobrado do Davi essa sabatina. Não tem como passar mais do próximo dia 30. Isso está ganhando uma proporção desnecessária, com uma única pessoa travando a sabatina de um ministro que foi indicado pelo presidente, que tem condições para exercer a função. Temos trabalhado pela sabatina. Não há mais clima para esperar. Será pautado, de uma forma ou de outra. Na CCJ somos 27 senadores, o André tem cerca de 25 deles.
O senhor ficaria dividido se, além da candidatura de Ronaldo Caiado, confirmasse uma candidatura bolsonarista para o governo de Goiás, que represente a base de governo de Jair Bolsonaro?
Não vamos antecipar nada. Tudo pode acontecer, até mesmo nada. Tudo deve ser analisado no seu devido tempo.
Ascom Senador Vanderlan